Era nosso penúltimo dia em Praga e como ainda tínhamos um
tempo relativamente bom na cidade, resolvemos conhecer a cidade de Kutná Hora.
Bom, vocês já devem ter reparado que eu sou meio viciada em
planejar viagens e pesquisar lugares interessantes para conhecer né? Então, eis
que vendo um Fantástico da vida (sim, nem só de tv a cabo vive o homem...rs) me
deparei com uma série especial sobre Praga e falaram sobre Kutná Hora. Uma
cidade que fica a mais ou menos 1 hora de Praga e que tem uma igreja feita de
ossos. Na hora me interessei e decidi unir o útil ao agradável...Já estava em Praga
mesmo, então porque não visitar a cidade?
No dia anterior marcamos com o Victor de nos encontrarmos na
estação central de trem e já sabiamos que o trem para a cidade partia às 10:00.
Chegamos por volta de 09:30 na estação e nada do Victor. Deixei a Paula esperando ali onde havíamos
combinado e resolvi dar uma olhada onde comprava as passagens e o preço.
Devidamente informada, voltei onde a Paula estava e nada do Victor. Não
queríamos esperar até o próximo trem, que só sairia por volta de 11:30...Íamos
voltar muito tarde pra Praga e neste dia queríamos fazer o Pub Crawl. Mandamos
um sms pro Victor dizendo qual era o trem que ele deveria pegar e o horário e
dissemos que poderíamos encontrá-lo na cidade depois.
Bom, compramos as passagens, que deu em torno de 12 euros
(ida e volta) e fomos para o trem que já estava na estação.
A viagem foi super tranquila, pra variar não vimos a
paisagem porque o sono falou mais alto...rs.
Quando descemos na estação, olhamos a nossa volta e...Cri,
cri, cri...As únicas almas vivas eram aquelas que tinham descido do trem.
Sério, só faltava aquelas bolas de feno rolando pela estação. Pra completar o
cenário, a estação estava em obras...O que dava um ar mais sinistro ao local.
Bom, na estação tinha um lugar de informações turísticas,
compramos um mapinha da cidade e lá fomos nós né.
Igreja de Ossos
Nossa primeira parada era a Igreja de Ossos. Afinal, estavámos
ali por causa dela né? Você deve achar que eu sou meio mórbida, indo a lugares
como cemitérios (em Buenos Aires) ou uma igreja feita de ossos...Mas não é. O
que acontece é que eu acho que tudo vale a pena em uma viagem, até mesmo
lugares exóticos...rsrs.
Depois de uma caminhada básica (em torno de uns 40min)
chegamos à Igreja. Gente, eu juro que esperava muito mais daquele lugar. Sabe
aquela sensação de: “Parecia tão maior...” Pois é, esse tipo de frustração parece
ser normal na Europa (A Monalisa, A Capela Sistina, A Igreja de Ossos...Todos
eles pareciam ser maiores na TV ou no cinema).
Mas já que estávamos ali, entramos na tal igreja. Pagamos um
ingresso que dava o direito de conhecer também a igreja de Santa Bárbara, que
pelas fotos do nosso mapinha, era bem bonita e valia a pena conhecer.
Sim, a igreja é bem mórbida...Lustres feitos de ossos,
candelabros feitos de crânio, até o brasão da igreja era feito de osso.
De acordo com a história “na Idade Média, Kutná Hora foi
alvo de várias disputas sangrentas e os soldados mortos eram enterrados ao
redor da capela. Com o crescimento da cidade, o tamanho do cemitério, que
chegou a ser maior que dez campos de futebol, encolheu. Os esqueletos acabaram
sendo transferidos para o interior do templo. Os ossos humanos começaram a ser
usados na decoração da capela em 1.511, ideia dos próprios monges do Mosteiro
de Kutná Hora, que pretendiam apenas dar uma arrumada no ambiente. Só 200 anos
mais tarde, no século XVIII, durante as obras de restauração da capela é que
surgiu um projeto arquitetônico e os esqueletos viraram oficialmente arte. A
obra do arquiteto simboliza a igualdade de todos os seres humanos perante Deus
no dia do juízo final.” (Site Fantástico)
A igreja não assusta ninguém e além da decepção do tamanho, acho
que vale a visita. Já imaginou o povo ficando doido ao ver as suas fotos numa
igreja toda feita de ossos? Rsrs.
Igreja de Ossos |
Num disse que até o Brasão da Igreja era de ossos?? o_O |
Tá, tá...meio mórbido eu sei...rs |
Diz aí se o lustre num era original?? rsrs |
Saímos da igreja e continuamos a seguir o nosso mapinha em
busca da igreja de Santa Bárbara. Gente, nós andamos quase 1 hora...Eu não sei
o que realmente acontece com a gente. Nós olhávamos o mapa e falávamos: “Ahh dá
pra ir a pé...pertinho”. Mas no mapa, tudo é perto né? Rsrs. Mas depois de ter
andando feito loucas em Paris, qualquer trajeto pra gente era pinto..rs.
E lá fomos nós...Entra rua, sai rua...Sobe ladeira, desce
ladeira....Vimos um grupo de estudantes, mas nada de turistas...Gente...cidade
fantasma total. O povo que via a gente andando com mapa na rua num devia estar
entendendo nada. “O que essas garotas tão fazendo aqui gente?? Vai pra
Praga...rs”
O lado bom de ir andando é que você encontra paisagens como essa... |
Igreja Santa Bárbara
Depois de muito andar, chegamos à Igreja e de fato era
linda.
Pelo que pesquisei, a Igreja foi uma homenagem à Padroeira
dos Mineiros (Santa Bárbara) e levou em torno de 500 anos para ficar
completamente pronta. De fato, ao visitar o interior da igreja nos deparamos
com várias pinturas que remetem ao passado dos mineiros.
Você ainda pode acessar o último andar da igreja, passando
por uma escada em formato caracol e apertadinha. Quem tem claustrofobia vai ser
tenso, mas tem umas janelas aqui e ali que passam a luz do dia.
O lado bom de visitar cidades pacatas é que as atrações não
ficam cheias. Você pode andar, apreciar o lugar, a arquitetura, sem ninguém te
empurrar...Muito diferente de Notre Dame, por exemplo.
O lado bom de cidades menos conhecidas: Não tem uma cabeçada nas suas fotos...rs |
Interior da Igreja de Santa Bárbara - Os arquitetos "pira"..rs |
Paisagem típica de Outono...Amo!!! |
Quando a fome apertou
em Kutná Hora
Saímos da igreja e resolvemos comer alguma coisa, já eram
mais ou menos 13h da tarde e o estômago estava começando a gritar. Na rua atrás
da igreja tinha um restaurantezinho que parecia ser bem baratinho...Mas antes
de entrarmos, resolvemos dar uma olhada ao redor pra ver se tinham outros...Até
tinham, mas estavam todos fechados...Eis que voltamos para a primeira
opção...rs.
O restaurante era bem simples, mas bem aconhegante. Com
toalhinas quadriculadas na mesa e tudo...Bem interior..rsrs.
Nos sentamos, a moça nos entregou o cardápio
e...Tcheco...Uiiiiiiiiiii, aí deu ruim...Mais uma vez caímos no impasse
língua..rsrsrs e dessa vez não tinha Wii-fi para nos salvar com um Google
tradutor. Bom, tivemos que perguntar mesmo: “Hello...Can you help us? “
...Silêncio e cara de paisagem...Ela não falava inglês...Olhamos uma pra cara
da outra e pensamos: “É hoje..rs”. Mas a moça que nos atendeu foi tão
simpática, que ela automaticamente fez um sinal de espera um pouquinho com a
mão e pegou o celular...Ela começou a ligar e falar com alguém em tcheco...Não
estávamos entendendo lhufas, mas continuávamos ali com aquela cara de
tacho...Eis que ela passa o telefone para a Paula e ela começa a falar em
inglês com a pessoa ao telefone. Não só falando mas estava fazendo o pedido com
a pessoa que estava do outro lado da linha. Paula desligou o telefone, a moça
anotou o pedido e foi embora. Perguntei pra Paula e ela me explicou: A moça que
não sabia falar inglês ligou para a filha dela para ajudá-la a fazer os nossos
pedidos. Cara, achei aquilo o máximo...Cidade do interior né gente? Tem dessas
fofuras. Eu pedi um peixe frito com salada de batatas e limonada de raspberry e
estava delicioso. Mais delicioso ainda era o preço: 85 Coroas Tchecas, dava
mais ou menos uns 5 euros. Ah! Se vocês resolverem ir à Kutná Hora recomendo
esse restaurante: Kozel. Além da comida ser muito boa, o preço é excelente e o
atendimento uma fofura J.
O Anjo da Carona
Antes de almoçarmos resolvemos pedir orientação numa lojinha
que tinha ao lado da igreja de Santa Bábara. Precisávamos saber qual o horário
de volta dos trens e como fazíamos para chegar lá (sem ser andando...rs). Fomos
orientadas que passava um ônibus ali perto de hora em hora. A lojinha ainda nos
deu um papel com os horários dos trens.
Decidimos que pegar o trem de volta para Praga às 15:30
seria o ideal. Fomos para o tal ponto de ônibus e esperamos...Já tinha dado o
horário de passar o busu e nada...Esperamos mais um pouco e eis que passa um
carinha com o filho...Paramos ele, meio que desesperadas e perguntamos em
inglês se era ali mesmo que pegava o ônibus para a estação de trem. E mais uma
vez veio aquela cara de: “Não entendi nada do que você falou”...Ai meu Deus...Ia
ser difícil. Tentamos gestos, e até chegamos a desenhar no carro que estava
estacionado e estava meio sujo por fora...Desenhei um ônibus, uma seta e um
trem...Ele até que era bonzinho e estava realmente tentando nos explicar como
fazíamos para chegar lá, mas não adiantava nem a língua dos sinais ia funcionar
ali.
Eis que ele meio que desistiu e fez um sinal para entrarmos
no carro. Olhei pra cara da Paula, ficamos meio sem entender...Até que ele
insistiu...Sim, ele queria nos dar uma carona para a estação de trem. Como ele
estava com o filho, que devia ter uns 5 anos, achamos que não teria problema.
Entramos no carro, cruzamos os dedos e fomos. Gente, ele foi um fofo...Tentava
conversar com a gente do jeito dele...E o fiilho dele? Que coisa mais fofa. Eu
e Paula ficamos super constrangidas de não ter nada pra dar de presente pra
ele. Só tínhamos um kinder meio amassadinho...resolvemos dar isso mesmo pro
menino, como forma de agradecimento.
Ele nos deixou na estação de trem bem há tempo de pegarmos o
trem. Agradecemos do nosso jeito e quando estávamos saindo do carro o menininho
me solta um “Grazie”...Obrigado em Italiano? Huahuahuah, acho que era o mais
próximo de português que ele sabia. Fofo demais.
Depois da ajuda divina (porque aquele anjo só podia ter sido
enviado por Deus...rs),esperamos o nosso trem chegar e voltamos para Praga.
Kutná Hora podia ser uma cidade pacata, mas tinha habitantes
mais do que especiais, super gentis e atenciososos...Cidades pequenas tem disso
né? Então se estiver em Praga e tiver um tempinho a mais...vá à Kutná Hora...A
cidade pode ser meio fantasma, mas vele a visita J
Gaby gostei muito deste post!!! So de ler sobre a cidade Kutná Hora deu vontade de conhece-la!!!!! Rafa
ResponderExcluir