quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ouro Preto – Conhecendo uma Autêntica República de Estudantes

Depois de ter tido surpresas boas durante o dia (a família que me adotou em Mariana e os meninos que conheci no trajeto para a Mina da Passagem), voltei para o hostel naquele dia cansada, mas feliz. Era uma sensação do tipo: Eu quero, eu posso, eu consigo...As coisas estavam dando super certo pra mim e eu já estava ficando triste porque a viagem estava terminando L
No dia anterior, a Lidiane (dona do Hostel) me disse que um amigo dela havia a convidado para uma festa à fantasia em uma república de estudantes ali pertinho do hostel e perguntou se eu queria ir com ela. Eu nem pensei duas vezes né? Lógico que eu ia...Sempre tive curiosidade nesse universo de república de estudantes e era a minha chance de conhecer um pouco mais.
Mas aí vem a questão...Era uma festa à fantasia...Eu ia fantasiada de quê? A Lidiane disse que tinha um chapéu (que algum hóspede esqueceu por lá) e disse que eu poderia usar se eu quisesse. Aí você me pergunta: “Mas Gaby, você estava fantasiada de quê?” E eu te respondo: De Carioca...Ora...rsrsrs.
De acordo com o amigo da Lidi a festa começava às 21h, mas essas festas nunca começam na hora né? Nem nos abalamos muito com o horário e ficamos de papo furado na sala do hostel...Estava uma conversa tão boa...Eu falando sobre as viagens na Europa e Ela me contando sobre as viagens dela, como começou o hostel e tal. Depois um hóspede espanhol e um outro casal de hóspedes de BH se juntaram a nós na conversa e aí...o papo rendeu..rsrs. Essa é a coisa boa de albergue. Você começa a conversar e quando vê já está compartilhando os “causos” da vida e compartilhando experiências.
Eis que enquanto o papo rolava solto o amigo da Lidi ligou dizendo que a festa já estava rolando e que estava esperando a gente.
República Nau Sem Rumo
Sim, era exatamente esse o nome da república: Nau Sem Rumo. E o mais legal de Ouro Preto são exatamente os nomes...Nessa mesma rua tinha uma com o nome de: Pulgatório (achei o máximo). A Rua do Pilar tem vááárias repúblicas, inclusive uma chamada Aquários, que pelo que me disseram é a mais famosa.
Os meninos se chamavam de Piratas...Por que será né? rsrs
Bom, chegamos na festa e fomos recebida por um dos meninos. E aí você pensa (pq eu pensei...rs) “Ihhh república de meninos deve ser uma nojeira só...tudo desarrumado e tal...” Que nada. Estava tudo limpo, impecável...Nenhuma louça suja na pia e o banheiro super limpo. Os meninos estavam de parabéns.
A casa era enooooorme. E olha que você não dá nada quando você olha de fora...Tinha até uma quadra de futebol nos fundos. Eu fiquei surpresa com o espaço.
A república estava vazia ainda, só tinham alguns meninos por ali mesmo...Ficamos conversando com o amigo da Lidi (O Pigmeu) até chegar mais gente...E foi aí que matei a minha curiosidade sobre o funcionamento da república. O Pigmeu era veterano...Já havia se formado faz tempo, mas ele era super respeitado lá e ele me explicou: Quando chega um “bicho” (novos alunos da UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto) ele precisa passar por um período de adaptação para realmente ficar na República. Se durante esse período ele violar alguma regra da república, o pessoal o transfere para uma outra república. Não é legal você ser transferido de república, acho que as pessoas já vão te olhar meio torto e tal. Pig disse ainda que cada um tem a sua tarefa lá dentro e conforme os anos vão passando essas tarefas ficam menos piores (como lavar o banheiro, por exemplo...rs).
Pig disse ainda que as repúblicas também hospedam pessoas, principalmente no período de carnaval e feriados prolongados, mas que isso não era uma prática comum em dias normais. Afinal, ali é a casa das pessoas que estudam na UFOP, imagina você sempre chegar em casa e ter um gringo na sua sala...Ninguém merece né? Rs
A hora foi passando, a conversa foi ficando animada, mais pessoas estavam chegando com fantasias super engraçadas: Peter Pan, Múmias, Drácola, Motoqueiro, Padre, Meninas de Anjinho, Diabinho e etc...A Lidi estava de bonequinha e eu...bom...já disse...tava de carioca...hauhauhauahuaha.
Acho que eu estava mais pra gaúcha do que carioca...rs
Enquanto a noite avançava, a música foi aumentando o som...E a conversa que acontecia na cozinha passou para a boate...É isso aí...Boate dentro da república...Com direito a jogo de luzes, mesa de som e tudo! E pelo que me consta a maioria das repúblicas tem essa mesma estrutura...Eu fico imaginando: Alguém estuda naquele lugar?? Hahahaha
Dentro da boate na república...
A música estava ótima...tocava de tudo: Pop, sertanejo universitário, funk...Tudo! Eu dancei muito e a noite foi super divertida, mas tudo o que é bom dura pouco né? No dia seguinte eu já estava voltando para o Rio e meu ônibus estava marcado para 10:00 da manhã.
Saí da república por volta de 03 da manhã, feliz...Tão feliz que me distraí e acabei escorregando na ladeira da rua do hostel...A combinação sapatilha de plástico + ladeira molhada não deu muito certo. Caí e fui querer apoiar com o joelho direito (não me pergunte como fiz isso)...O resultado eu só vim descobrir no Rio: Uma luxação no ligamento do joelho e 5 dias de licença médica.
Mas nem um tombo poderia tirar a minha felicidade...Porque foi nessa viagem que eu descobri: Viajar sozinha não é nenhum bicho de sete cabeças...
E eis que termino o post com o seguinte texto:
Viajar sozinha é:
Se perder e se achar;
Admirar obras de arte com calma;
Caminhar sem se preocupar com o tempo;
Estar aberta a conhecer pessoas novas;
Encarar os olhares de "pena" ao entrar em um restaurante sozinha;
Estar atenta às oportunidades;
Ter o desafio de tirar foto de você mesma e a foto ficar boa (não é o meu caso);
Observar e ser observada;
Cair e levantar (meu joelho que o diga);
Refletir na vida...
Enfim...viajar sozinha é...
Viver!!
(Março 2013 - Gabriela Palma)
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